Boas Festas...
O melhor aconteceu: Houve uma competição na empresa onde trabalho e por minha equipe ter ficado em primeiro lugar, ganhamos folga hoje e amanhã. Também não trabalharei sábado e isso é um prêmio e tanto para quem vive a realidade de um Call Center.
Hoje, véspera de Natal, eu queria deixar uma mensagem para vocês. Tanto se fala em festas nesta época e é até besteira refletir mais uma vez em como o Natal perdeu seu verdadeiro sentido. Não é sobre isso que todo mundo já sabe que eu quero falar. É que ontem a noite, voltando do trabalho em meio a um engarrafamento enorme, me lembrei de um lindo filme que escolhi para fazer um trabalho para a faculdade. Se chama “ A Festa de Babette”.
Este filme encantou as platéias do mundo inteiro em 1987 ao contar a história de uma mulher que foge da terrível repressão acontecida em paris em 1871 refugiando-se na costa selvagem da Dinamarca na casa de duas senhoras muito puritanas, filhas de um pastor da região. Ela havia levado uma carta de recomendação de um professor que dera aulas de canto para uma dessas senhoras no passado. Por causa desta carta, Babette consegue trabalhar para as mesmas como criada em troca de apenas um quarto para morar apesar da grande resistência principalmente por ela ser católica. Mas em pouco tempo, Babette se integra a rígida tradição dos costumes protestantes daquela comunidade.
Depois de se passarem quatorze anos, Babette ganha um bom dinheiro na loteria e então poderia voltar a sua pátria para refazer a sua vida. Entretanto, o inesperado acontece! Em gratidão, ela resolve gastar todo o seu dinheiro em um jantar a fim de comemorar dignamente o centenário do falecido pastor, mesmo que para isso ela tenha que passar o resto da sua vida como criada daquela casa. Aquilo, seria muito importante para aquelas pessoas...
Foi um típico jantar francês e os convidados pessoas simples da comunidade que não conheciam sobre culinária ou a sofisticação de tudo que seria servido naquele dia. Babette havia aprendido em um café onde trabalhara tempos antes. Assim, com a habilidade de gerar sentimentos através da comida, Babette faz daquele dia um momento inesquecível para aquelas irmãs e habitantes da aldeia ao mesmo tempo que mostra o lado grato do seu coração.É um filme maravilhoso que nos fala de amor, fé, gratidão e é claro, o prazer de se comer bem.
Só, que por traz de tudo isso tem uma outra história: O filme é repleto de simbolismos cristãos. O banquete em memória do pastor é uma alusão clara à "Última Ceia" e, por extensão, à liturgia cristã. Para o mesmo, sentam-se à mesa doze pessoas, representando os doze apóstolos. Babette é claramente uma imagem de Cristo: pobre, ela chega misteriosamente a uma pequena comunidade, trabalha como criada e, no final, presenteia a todos com um lauto banquete. Por outro lado, o prato principal servido por Babette chama-se "Codorna no Sarcófago": Codorna significando "maná" (alimento espiritual de origem divina que consola a alma); e Sarcófago, palavra vinda do latim, 'sarcophagus', que significa "aquele que come carne". Assim, o prato principal é uma evidente alusão às palavras de Cristo: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão, viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha vida" (João 6, 51).
Sabe, por não ser um filme comercial, digo, esses filmes americanos, não se encontra muita gente que assistiu ou saiba da maravilhosa história que o diretor Gabriel Axel dirigiu e que foi vencedor de melhor filme de língua estrangeira pela Academia de Hollywood entre outros. E com tudo isso a mensagem que quero deixar, é que todos tenhamos esse coração grato e desprendido que enxerga além da próprias necessidades e sonhos.Que possamos festejar sim, mas com propósito e sem barreiras ou preconceitos, sejam por costumes ou religiões.Que sejamos felizes.Com simplicidade e sempre juntos...
Feliz Natal a todos...
Beijos...